Hoje, grande parte das marcas querem ter uma causa para chamar de sua, e, embora levantar uma bandeira represente um manifesto de apoio para diversos grupos, o engajamento pode ser banalizado devido ao desgaste dos formatos. Neste contexto, algumas marcas passam a ousar em uma plataforma completamente nova para o marketing de causas: a embalagem.
Há algumas semanas, a Dove chamou a atenção ao lançar uma série de embalagens com diferentes formatos. O objetivo era refletir a diversidade de corpos das mulheres. Embora tenha recebido algumas críticas, não se pode negar a repercussão da ação. A Skol, por sua vez, lançou há alguns meses a série de latinhas Skolors, como diferentes cores que representavam tons de pele. Ainda esta semana, divulgou uma edição especial para a parada LGBT.
A visão funcional da embalagem, antes restrita à contenção, exposição e transporte do produto, vem mudando. De acordo com Clotilde Perez, consultora da CasaSemio, empresa com foco em mercado e semiótica, esse processo começou com o surgimento do auto-serviço dos supermercados, quando marcas passaram a se vender “sozinhas”, e então a embalagem ganhou uma perspectiva expressiva.
Para ela, a cultura visual e o design de produtos físicos sempre tiveram o seu valor, que se tornou ainda maior hoje. Este tipo de embalagem, por sua vez, é interessante pois torna crível causas exibidas em campanhas. “O uso midiático das embalagens já acontece há algum tempo, mas o uso sensível e expressivo delas é muito mais recente. Isto acontece porque vivemos em um momento de valorização muito grande do sensível e da memória afetiva. Há muito tempo já são feitas edições especiais, e agora isso ganha uma nova perspectiva de afeto”, conta.
Como uma primeira fronteira com o consumidor, a embalagem pode proporcionar uma relação estendida com o produto, uma vez que a conexão não se dá apenas durante um comercial, mas durante o momento da compra. “Não existe uma relação de distanciamento como no Facebook ou em outra mídia qualquer, pois a interface é direta”, complementou Clotilde.
Fonte: Meio & Mensagem